UBImuseum n.01

Notas Soltas sobre a História Regional e Local e o Património Cultural

  • Alexandre António da Costa Luís
  • aluis@ubi.pt
  • Universidade da Beira Interior
  • Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra

O artigo é composto por várias notas soltas que se destinam, no essencial, a expor uma apreciação genérica sobre a história regional e local, sublinhando que esta última não deve ser qualificada de “história menor” e cimentando ainda a ideia de que lhe cabe um papel de avultada relevância no que concerne ao levantamento, estudo e preservação do património, mormente cultural. De resto, a respeito do património, o texto destaca a sua dimensão de fator nuclear de incremento e de caracterização dos traços identitários e dos fios da memória portugueses, integrando, sem dúvida, a lista dos fundamentos da nossa soberania.

Maceira de Covelliana: da cidade monástica à cidade do homem

  • Ana Maria Tavares Martins
  • amtfm@ubi.pt
  • Universidade da Beira Interior

A Ordem de Cister foi introduzida em Portugal no séc. XII. O espaço monástico é o reflexo de um ideal, de uma visão do mundo, de um sistema de valores que tudo organiza e modela. O Mosteiro cisterciense de Santa Maria da Estrela (Boidobra, Covilhã) foi uma fundação do Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão (Fornos de Maceira Dão, Mangualde). Com o tempo este espaço monástico deixou de ser entendido como uma Cidade Monástica para ser absorvido pela Cidade do Homem, que é hoje a Covilhã, embora ainda se localize na periferia da cidade tal como era o preceito da Regra de S. Bento.

História e Imaginário: dos Emigrantes, através d’ A Selva, até A Lã e a Neve

  • António dos Santos Pereira
  • asp@ubi.pt
  • Universidade da Beira Interior

Na produção literária de Ferreira de Castro (1898-1974), além da sua trajetória de vida, do retrato das paisagens rurais e urbanas, a selva amazónica, o mundo rural português, São Paulo e a Covilhã, transparecem vários fatores políticos, económicos e sociais da História do Brasil e de Portugal da primeira metade do século XX: a emigração, a industrialização, a cultura operária, a imprensa periódica e as greves. Neste artigo, fica ainda uma nota das leituras possíveis de Ferreira de Castro particularmente durante o seu período de formação.

Património cultural, Memória social e Identidade: uma abordagem antropológica

  • Donizete Rodrigues
  • donizete@ubi.pt
  • Universidade da Beira Interior
  • Center of Research in Anthropology (Lisboa)

O objetivo deste texto é discutir o que é memória social, património cultural e identidade e a relação que existe entre estes três conceitos. Abordados a partir de uma perspetiva antropológica (e não histórica e/ou arqueológica), esses conceitos são considerados como constructos sociais, sistemas de representação e de significação coletivamente construído, partilhado e reproduzido ao longo do tempo.

A Covilhã: uma paisagem cultural evolutiva. Algumas notas sobre a (re)construção das memórias industriais da cidade

  • Manuel José dos Santos Silva
  • mjssilva@ubi.pt
  • Universidade da Beira Interior

Na Covilhã, nos anos oitenta do séc. XX, assiste-se a uma profunda reconversão de natureza económica e social, que conduziu a uma mudança de paradigma do modelo histórico de desenvolvimento da cidade e do concelho. A sua tradicional mono indústria de lanifícios, até então pulverizada por uma miríade de pequenas empresas familiares, não sobreviveu à mudança estrutural iniciada nos anos sessenta do séc. XX, tendo sofrido, a partir de então, uma acentuada concentração, que a acompanhou até à atualidade. Concomitantemente, o ensino superior, instituído na cidade, em 1973, transformou-se na alavanca do novo modelo de desenvolvimento, viabilizando ainda a recuperação das memórias do passado industrial da Covilhã. É neste contexto que a Universidade da Beira Interior, instituída em 1986, irá criar, na mesma data, o Museu de Lanifícios, cujo primeiro núcleo, viria a ser inaugurado em 1992, através de uma intervenção de “recuperação da área das tinturarias da Real Fábrica de Panos”, a manufatura setecentista que começou por albergar o Instituto Politécnico da Covilhã, em que a Universidade radica. Procurar-se-á, através deste texto, acompanhar a construção da identidade covilhanense como “cidade-fábrica” e apresentar alguns dos princípios que presidiram à reconstrução das suas memórias industriais.

Santa Maria dos Olivais: uma freguesia património de Lisboa

Santa Maria dos Olivais, doravante também identificada por freguesia dos Olivais ou apenas por Olivais, remonta ao final de Trezentos e na sua origem está uma decisão do Arcebispado de Lisboa acerca da criação da paróquia com esse nome. Formada por terras do “termo” de Lisboa, tem sido objecto de transformações de toda a ordem, sobretudo no século passado. No presente artigo, faz-se uma breve descrição dos Olivais até à actualidade, realçando as principais intervenções urbanísticas verificadas na última centúria, os contextos em que as mesmas ocorreram e suas implicações mais relevantes.

O património industrial na museologia contemporânea: o caso português

No trabalho que se segue, após alguma notas introdutórias sobre o património industrial, a arqueologia industrial e a museologia contemporânea, foca-se o papel que o referido património tem desempenhado na renovação e no desenvolvimento da museologia em Portugal, nas últimas décadas. Com efeito, tanto em termos de conteúdo (património musealizável) como de continente (estruturas reutilizadas como museus), o património industrial encontra-se presente em numerosos casos, alguns dos quais de assinalável sucesso. Sem pretender ser exaustivo, passarei em revista o panorama nacional do sector, destacando as iniciativas mais relevantes, chamando a atenção para alguns domínios onde muito há ainda a fazer. Será dado o devido destaque à função desempenhada no processo pelos movimentos museológicos mais recentes e pela conjuntura política e social, em particular no pós-25 de Abril de 1974, quando responsáveis autárquicos, associações, fundações e empresários se começaram a aperceber da mais-valia constituída pelo património cultural/industrial e, consequentemente, pela sua salvaguarda, estudo e divulgação.

Rota da Lã – Translana: uma obra de referência sobre o património da indústria de lanifícios

Este artigo efectua uma apreciação crítica do livro Rota da Lã – Translana: percursos e marcas de um território de fronteira, procurando salientar o contributo que o mesmo presta ao conhecimento da realidade histórica, patrimonial e sócio-económica das regiões da Beira Interior e da Comarca Tajo-Salor-Almonte, e a sua importância para o desenvolvimento de um projecto de turismo cultural. São destacados alguns aspectos inovadores que apresenta, nomeadamente o estudo da transumância, assim como o facto de constituir um bom exemplo de como os estudos de âmbito regional proporcionam uma mais rigorosa e aprofundada compreensão das realidades históricas do passado.